ATA DA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 19.03.1987.

 


Aos dezenove dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear o transcurso do sexagésimo aniversário da Rádio Sociedade Gaúcha. Às dezesseis horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Jorn. Jayme Sirotsky, Presidente da Rede Brasil Sul de Comunicações; Jorn. Nelson Sirotsky, Vice-Presidente da Rede Brasil Sul de Comunicações, Jorn. Pedro Sirotsky, Diretor-Superintendente da Rede Brasil Sul de Comunicações; Prof. Ricardo A. Silva Seitenfos, Secretário Especial de Assuntos Internacionais, representando, neste ato, o Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul; Ver. Nereu D'Ávila, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio; Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal; Ver. Frederico Barbosa, 2º Secretário do Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, falou sobre a criação e o crescimento da Rádio Sociedade Gaúcha, destacando o valor da equipe que hoje a integra e a importância que teve o nome de Maurício Sirotsky Sobrinho para o desenvolvimento da Rede Brasil Sul de Comunicações. O Ver. Werner Becker, em nome da Bancada do PSB, discorrendo acerca da história dos meios de comunicação no País, analisou a participação da Rádio Sociedade Gaúcha na radiofonia de nosso Estado. Solicitou um minuto de silêncio em memória de Maurício Sirotsky Sobrinho, pelo trabalho realizado por S.Sa. frente à Rede Brasil Sul de Comunicações. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, teceu comentários sobre os sessenta anos de luta da Rádio Sociedade Gaúcha em prol da divulgação da notícia e da cultura entre o povo gaúcho. Registrou o transcurso de trinta anos de existência da Rede Brasil Sul de Comunicações. O Ver. Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, disse que a Rádio Sociedade Gaúcha representa nosso povo, o qual se encontra sintonizado na emissora. Congratulou-se com a equipe da Rede Brasil Sul de Comunicações, destacando a maneira competente e eficaz como realiza seu trabalho. O Ver. Raul Casa, em nome da Bancada do PFL, relatou a importância do transcurso dos sessenta anos da Rádio Sociedade Gaúcha, dizendo que esta data se confunde com a própria história de nossa Cidade. Falou de seu orgulho por ter participado, durante dez anos, da equipe de trabalho daquela empresa. E o Ver. Lauro Hagemann, em nome das Bancadas do PCB e do PT, comentou a história da radiodifusão no Estado e no País, analisando sua relação com a evolução sociológica do povo brasileiro. Salientou a importância do rádio e seu papel na busca da integração e da democracia do Brasil. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Jornalista Jayme Sirotsky, Presidente da Rede Brasil Sul de Comunicações, que agradeceu a homenagem que hoje é prestada à Rádio Sociedade Gaúcha. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência, convocou os Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes, a seguir, e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, e levantou os trabalhos às dezoito horas e quinze minutos. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pelo Ver. Frederico Barbosa. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o transcurso do 60º aniversário da Rádio Sociedade Gaúcha.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que conduzam ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. (Pausa.)

Convido a fazerem parte da Mesa: Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Jorn. Jayme Sirotsky, Presidente da Rede Brasil Sul de Comunicações; Jorn. Nelson Sirotsky, Vice-Presidente da Rede Brasil Sul de Comunicações; Jorn. Pedro Sirotsky, Diretor-Superintendente da Rede Brasil Sul de Comunicações; Prof. Ricardo A. Silva Seitenfos, Secretário Especial de Assuntos Internacionais, representando, neste ato, o Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul; Ver. Nereu D'Ávila, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio; e Ver. Valdir Fraga, Secretário do Governo Municipal.

A seguir, com a palavra, o autor da proposição, Ver. Isaac Ainhorn, pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados, quando nosso século fez 27 anos, nasceu a Rádio Gaúcha, pioneira, em Porto Alegre, e a segunda do Estado. Surgiu em sete de fevereiro de 1927, sob “slogan” regional e nativista: “A Voz dos Pampas”. Mais tarde, o seu prefixo varou fronteiras municipais, cruzou limites de unidades da Federação e mostrou seu prefixo até no Exterior. A PRC-2, Rádio Sociedade Gaúcha, em 60 anos, impôs-se até internacionalmente, com primeiras transmissões, onde dois nomes de nossa radiofonia começaram a brilhar: Oduvaldo Cozzi e Cândido Norberto. Este último, ainda hoje um homem de sete instrumentos, era locutor comercial, narrador, radioator, redator. Transmitia futebol nas Américas e falava de Paris e Moscou. A PRC-2 ganhava, com justiça, então, o título de “Pioneira”. Desbravadora, iniciou, com méritos, a ganhar o que hoje se houve: Rádio Gaúcha, desbravando o Brasil. Teve vários donos e, à semelhança de qualquer entidade que sobrevive durante seis décadas, também sofreu altos e baixos, momentos de liderança eufórica, instantes de complexos problemas, de dificuldades sem conta. A todos obstáculos venceu. A radionovela, hoje tomando conta das televisões, era chamada, à época, de radioteatro. Neles despontaram nomes: Walter Ferreira, Adroaldo Guerra, Aidé Terezinha. Viveu em Porto Alegre, em vários locais: 6º andar do Grande Hotel, nos Moinhos de Vento, na Caixa D’água, com torre de madeira, por muitos anos, atração turística de nossa terra. Depois, para o Edifício União. Trinta anos, após, iniciou novo pioneirismo, com Arnaldo Balvé, Antonio Mafuz e o nome que a colocou onde hoje se encontra: Maurício Sirostky Sobrinho. Este deu-lhe cunho empresarial: uniformizou sua publicidade, emprestou-lhe “marketing”, identificou-se com ela, apaixonado que foi sempre pela radiofonia. Entregou-lhe seu charme, seu encanto, sua dinamicidade, seu talento. Ganhou uma orquestra com maestros da estatura de Roberto Egers, locução com Ernani e Nilo Ruschel, equipes de jornalistas que atualmente ganharam projeção nacional na política, a exemplo do próprio Cândido Norberto, do hoje Constituinte Mendes Ribeiro e o Deputado Estadual José Antonio Daudt.

Há nomes, muitos nomes a salientar. São tantos que se cometeria injustiça, se alguns fossem esquecidos: O inesquecível Carlos Nobre, Leonor de Souza, J. Bronquinha. Neste rol, figuram, sem dúvida, Alcides Krebs, Rui Figueira, Tânia Maria, Augusto Vampré, Guilherme Sibemberg. Jornalistas de escol: João Aveline, Carlos Bastos, Amir Domingues, Elcyr Silveira, Flavio Alcaraz Gomes, Ony Nogueira, Melchiades Stricher, Paulo Sant'Ana e tantos outros. Todos emprestaram seu talento na trajetória vitoriosa dos 60 anos da Rádio Gaúcha.

Mas, indubitavelmente, esta série de talentosos homens teve um comandante à altura de sua inteligências: Maurício Sobrinho. Partindo da Pioneira Rádio Gaúcha, Maurício traçou os rumos da RBS, que, em 30 anos, atingiu projeção nacional. Repetimos: o encanto de fazer as coisas, a paixão com que realizava seu trabalho partiu da “Pioneira” para o império de hoje que é a RBS. Um império de comunicação, cuja liderança no País é inconteste. Nasceu, sem dúvida, do pionerismo da Rádio Gaúcha, que foi seu cerne, sua semente. “A voz dos Pampas”, a PRC-2, Rádio Sociedade Gaúcha, a ZYK-278, emissora líder do sistema RBS, foi o germe primeiro do grande exemplo de comunicação, ainda hoje sob o comando e liderança da família Sirotsky, aliada aos nomes de Fernando Ernesto Correa, Lauro Schimer, Roberto Eduardo Xavier. Uma grande orquestra, afinada pelo inesquecível maestro Maurício Sobrinho, que a todos uniu, que a todos cativou. Os 60 anos da Rádio Gaúcha constituem muito da história de nossa comunicação. Por ela, desfilaram os maiores acontecimentos do mundo, a eleição do Papa em 78, as jornadas esportivas internacionais, a cobertura constante do nosso dia-a-dia. Por ela, nomes surgiram no estrelato nacional: Elis Regina, ao lado de figuras internacionais, Xavier Cugat, Jorge Boulanger, Charles Trenet. E, hoje, quando faltam 13 anos para findar o século da Gaúcha, voltamos a dizer que, de todos os homens, avulta um: o de Maurício Sobrinho, por sua luta e por sua história e que tem hoje, na figura de seu irmão Jayme, de sua esposa Ione e de seus filhos Nelson, Pedro, Marcos e Carlos os fiéis seguidores dos ideais por ele traçados. Nele se fortificaram as raízes do império da RBS, nele se encontrou o porto seguro nas horas de tempestade, nele se consubstanciou a comunicação, como sistema empresarial, sem perder de vista o humanismo que encerra toda comunicação. Com ele se construiu. Com sua personalidade, sobretudo humana, traçaram-se os rumos de uma empresa que se alicerça, acima de tudo, no homem que a constrói com seu trabalho. E pode dizer-se, sem medo de errar, que, embora desaparecido, Maurício continua sendo aquele que cativa. Na expressão feliz de Saint Exupéry, “O homem é responsável pelo que cativa”. Maurício Sirotsky Sobrinho continua sendo responsável pelo que hoje a Gaúcha, a velha rádio de 60 anos e a RBS representam no cenário nacional.

“Gaúcha 60 anos mais jovem”.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Werner Becker, pelo PSB.

 

O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados, a comunicação não é um fenômeno isolado nem contemporâneo. Como atividade humana, é necessário considerá-la integrada aos processos culturais e, para apreciar sua evolução, não é possível desvinculá-la da cultura.

Pode-se ter a falsa idéia de que a comunicação é um fenômeno recente, produto de uma tecnologia contemporânea. Na realidade, quando se encara a comunicação numa perspectiva histórica, verifica-se que as técnicas se transformaram, mas conteúdo e significados permaneceram os mesmos.

Tal como a história em geral, a história da comunicação exige atenção para diagnosticar os processos de gestação dos fenômenos de comunicação, assim como sua utilização pela comunidade. É necessário estar atento ao conjunto das realidades que circundaram o homem para poder compreender a presença da comunicação na sociedade numa determinada conjuntura.

O homem, como todo animal, está sujeito às necessidades do meio, as quais devem ser atendidas para que os indivíduos possam sobreviver e procriar. Para tanto, ele desenvolve um ambiente paralelo, embora enraizado no processo social. O ambiente nada mais é do que a cultura. Neste sentido, Herskovits a defini como “a parte do ambiente feita pelo homem” e Taylor, numa conceituação mais pormenorizada, focaliza-a como “o conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e quaisquer capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

No Brasil, a radiodifusão se institucionalizou com a abertura da exposição do Centenário da Independência, em 1922, com a transmissão do discurso do Sr. Presidente da República Eptácio Pessoa, no Rio de Janeiro. Porém, foi com inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a 20 de abril de 1923, por iniciativa de Roquete Pinto, que começou a proliferação de emissoras. Apesar do enorme potencial de comunicação deste meio, os seus efeitos só se fizeram mais tarde, a partir do final da década de 20 e início da década de 30. Na década de 20, propagara-se a instalação de emissoras por vários outros estados, porém o alto custo dos aparelhos receptores restringiu sua utilização a uma população de maior poder aquisitivo. Assim mesmo, a tradição brasileira dos serões permitiu que grande parcela do povo se reunisse em torno de um aparelho de propriedade de um vizinho, de um amigo ou de um compadre. Outro fator que restringiu a penetração do rádio foi sua vinculação à eletricidade. Somente com o desenvolvimento desta permitiria a expansão daquele.

Aqui, em Porto Alegre, a Rádio Sociedade Gaúcha foi ao ar em 1927, já em pleno exterior da República Velha, como uma das primeiras tentativas bem-sucedidas de se implantar no Rio Grande do Sul uma emissora de rádio.

A idéia não era nova. Desde 1922, quando Roquete Pinto conseguiu realizar o seu sonho pessoal de instituir a radiodifusão no País e aproveitá-la como veículo de educação popular, em todos os estados brasileiros grupos pioneiros entraram em atividade, pretendendo trazer para à sua região o que representava a última palavra do progresso científico e tecnológico.

No Rio Grande do Sul, as tentativas começaram muito cedo, mas não conseguiram ultrapassar os limites das pequenas estações caseiras, que podiam atrair a atenção algumas horas, até alguns dias, mas logo em seguida eram postas de lado porque rapidamente perdiam o sabor de novidade, pela falta de recursos objetivos de “Savoir-Faire”, o galicismo poético que àquele tempo significava o áspero e anglo-saxônico “Know-How” de hoje.

Dessa época que podemos chamar de pré-histórica, a tentativa mais válida pertenceu ao empresário Juan Ganzo Fernandez, também pioneiro da telefonia em Porto Alegre, e que, em 7 de setembro de 1924, inaugurou a estação Diamella, nome posto em homenagem à sua filha Diamella.

Chamava-se Rádio Sociedade Rio-grandense essa primeira emissora que o Rio Grande possuiu, mas dela não se tem notícias após a programação inaugural, que constou de números de bel-canto e recitativos por jovens que ornamentavam a melhor sociedade de então.

As tentativas de se criar a radiodifusão só puderam ser bem-sucedidas no Rio Grande do Sul a partir de 1926, quando simultaneamente formaram-se dois grupos: um em Porto Alegre e o outro em Pelotas, ambos já com conhecimento mais aprofundado dos aspectos técnicos do novo veículo. Aliás, foi a diferença de conhecimentos técnicos que pôs o grupo de Pelotas em vantagem e lhe permitiu antecipar na inauguração da sua Rádio Sociedade Pelotense.

Em Porto Alegre, ao grupo pioneiro custou um pouco mais a achar o caminho do “éter”. A idéia nascera do engenheiro Fernando Martins, funcionários público municipal, que trabalhava na seção de obras novas de nossa Prefeitura. Freqüentando a casa de primos de sua mulher, que pertencia ao clã dos Carneiro da Fontoura, Francisco Martins apaixonou-se pelo rádio desde que ouviu às primeiras transmissões captadas no receptor que aquela família havia importado dos Estados Unidos.

Desde então, tornou-se idéia fixa de Fernando Martins fazer uma emissora de rádio no Rio Grande do Sul. Juntou-se a dois outros engenheiros, Cauby Araújo, que trabalhava numa firma de material elétrico-eletrônico, a Bayton & Cia.; e Gabriel Fagundes Portella, que permaneceu na Rádio Gaúcha até o início dos anos 40, quando se transferiu para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Fernando Martins trabalhou duro para criar a emissora. Naquela época, a única fonte de receita atingível era representada pela contribuição voluntária dos ouvintes, que se organizavam em clubes - as Rádio-Sociedades - pagando uma mensalidade mínima.

Fernando Martins, na criação desta Rádio Sociedade Gaúcha, encontrou uma estrutura agrária feudal sempre desconfiada do progresso e de um empresariado industrial incipiente. Não se apercebendo do potencial - econômico - publicitário do rádio, ele e Cauby Araújo, desestimulados pelas dificuldades estruturais da época, imatura para compreender prospectivamente o potencial do novo meio e instrumento de comunicação, se afastaram da sociedade. É por isso que seus nomes não constam na nominata da primeira diretoria, formada por Ivo Barbedo, Alcides Cunha, Carlos Freitas, Leovegildo Velloso, Olavo Ferrão Teixeira, José Baptista Pereira, Alvaro Soares, Manoel Luís Borges da Fonseca e o próprio Gabriel Fagundes Portella, que permaneceu na entidade. É preciso, por justiça, restabelecer a verdade histórica, sem anematizar os que se afastaram, mas sublinhando os que ousaram.

Bolívar Fontoura, que durante muitos anos atuou com destaque na Radiofonia gaúcha, testemunha essa época como secretário pessoal de Fernando Martins. Conta que aquele início foi muito difícil. As mensalidades eram de cinco mil-réis, mas nem todos os associados compenetravam-se da pontualidade.

Assim mesmo, com peças compradas na casa Bayton, o transmissor e o estúdio foram montados num andar do Grande Hotel, que por ocupar um prédio de grande altura - sempre se considerando a época, oferecida uma localização privilegiada para a antena. E já desde a metade de 1926, o transmissor estava sendo montado e testado, sem conseguirem fazê-lo entrar no ar.

Foi num dia de novembro que Bolívar Fontoura - testemunha e protagonista do episódio - não consegue precisa que o grande momento aconteceu. Exultantes e excitados, Cauby Araújo e Gabriel Fagundes Portella vieram chamá-lo porque, ambos extremamente nervosos, não conseguiam falar. E foi então que, pela primeira vez em sua história, Porto Alegre ouviu a sua própria emissora de rádio, pela voz de Bolívar Fontoura, transmitir o prefixo e a chamada: “Pqg Rádio Gaúcha Entrando No Ar. Solicitamos a quem escutar esta chamada que nos escreva para dizer da qualidade da recepção”.

Inaugurada oficialmente em 08 de fevereiro de 1927, poucos meses depois a rádio sociedade gaúcha enfrentou suas primeiras dificuldades. É que os proprietários do Grande Hotel, não vendo nenhum futuro comercial em uma estação de rádio, pediram as dependências que a emissora ocupava para transformá-las em um salão de festas. A Gaúcha conseguiu uma solução provisória, mudando-se para o prédio ao lado, na parte alta do sobrado em cujo pavimento térreo estava estabelecida a Farmácia Carvalho. Por esta época, a emissora também mudou de prefixo, passando do primitivo Pqg para Prag, na primeira reformulação do sistema brasileiro de radiodifusão.

A mudança foi extremamente desvantajosa, pois, sendo o prédio mais baixo, a antena não tinha uma posição favorável. E a esta dificuldade somava-se outra, mais importante ainda, da irregularidade, por parte doa associados, no pagamento das mensalidades.

Ainda que a expressão “Homem do Destino” seja um pouco forte, talvez seja lícito dizer-se que a Rádio Sociedade Gaúcha teve homens decisivos em seu destino. Um deles foi o Jornalista e Escritor Nilo Ruschel, que por esta época assumiu a direção e, além de estimular a freqüência de intelectuais e artistas aos microfones, buscou novas fontes de renda na comercialização dos espaços.

A emissora ganhou novo alento, com a mudança para um terreno nos Moinhos de Vento, junto à caixa d’água, onde foram construídos um chalé de madeira para abrigar os estúdios e os novos transmissores, de um quilowatt, comprados da Rca Victor. Duas torres, também de madeira, aliás de ipê, que vieram de Ijuí, foram erguidas para a instalação da antena.

A mudança foi total, inclusive de prefixo, que passou de Prag para PRC-2, em nova reformulação do sistema de radiodifusão brasileiro. Nilo Ruschel conseguiu dar um novo rumo às transmissões da gaúcha, com um cunho jornalístico. Foi assim que, em 1932, contando apenas com as precárias linhas telefônicas de então, a Rádio Gaúcha fez a primeira transmissão externa no Rio Grande do Sul, transmitindo a solenidade de inauguração da I Festa da Uva de Caxias do Sul. Era o empresariado industrial nascido no ventre ousado dos imigrantes para a região de pequena propriedade já antenando seus receptores econômicos para as possibilidades do novo veículo.

As dificuldades mesmo assim permaneceram. Ainda que apelando à comercialização de seus espaços, a sociedade não pôde pagar a conta dos transmissores e a emissora teve de ser entregue como pagamento da dívida, passando a pertencer ao empresário Francisco Garcia de Garcia, proprietário da Casa Victor, firma que representava fabricantes e negociava artefatos eletro-eletrônicos.

Apesar da mudança, dos moinhos de vento para modernas instalação na rua 7 de setembro, onde existia inclusive um amplo auditório, foi este um período de estagnação para a emissora. A fé e a descrença neste novo investimento conviviam ambiguamente, embarcando seu desenvolvimento sócio-econômico.

Surge, então, o terceiro nome no destino da Rádio Gaúcha. Era um outro empresário, do ramo da mecanografia, que se apaixonara profundamente pela radiodifusão. Seu nome era Artur Pizzoli e, em 1934, havia criado a segunda emissora de rádio da cidade - a Rádio Difusora, hoje integrada à Rede Bandeirantes.

Empreendimento bem-sucedido, Pizzoli vendeu a difusora aos diários e emissoras associados em 1942, quando a organização de Assis Chateabriand, que já era proprietária da Rádio Farroupilha, quis expandir sua presença no Rio Grande do Sul. Diante de uma proposta irrecusável, Pizzoli negociou a sua emissora e voltou seus olhos para a Rádio Gaúcha, conseguindo ganhar o seu controle acionário numa curiosa transação: trocou a rádio gaúcha pela Casa Coates, que era de sua propriedade e forte concorrente da Casa Victor, de propriedade de Garcia, o então dono da emissora. Eram as forças sociais do Rio Grande do Sul agora receptivas sensíveis e transmitentes eficazes no potencial do rádio.

Sob a direção de Arthur Pizzoli e tendo como diretor artístico um jovem jornalista Bageense, Cândido Norberto, a Rádio Gaúcha ingressou num período de prosperidade até então nunca usufruído, nem por ela nem por nenhuma das duas outras emissoras então existentes. Mudando-se mais uma vez para instalações moderníssimas, nos altos do Edifício União, que recém acabara de ser construído, a Gaúcha manteve-se nesta situação privilegiada até 1951, quando Arthur Pizzoli desaparece.

Surge, após um breve hiato, o quarto e mais recente homem do destino da Rádio Gaúcha - Maurício Sirotsky - que a adquiriu em 1957, em sociedade com Arnaldo Balvé, outra das figuras maiúsculas da radiodifusão Rio-grandense.

Proprietário por sua vez de uma bem-sucedida cadeia de emissoras interioranas, a Rede Reunidas, Balvé desligou-se do empreendimento algum tempo depois, sem nunca perder, até a morte, seus laços afetivos com Maurício e a Gaúcha.

Com a colaboração de seu irmão Jayme e um amigo muito chegado, Fernando Ernesto Correia, Maurício Sirotsky liderou o que é na verdade o amadurecimento empresarial na área da comunicação social do Rio Grande do Sul.

De muito já se falou sobre Maurício Sirotsky Sobrinho. Da sua personalidade cativante, do seu comportamento existencial, onde o sorriso para com o porteiro da empresa era o mesmo para com o poderoso de qualquer época em que viveu, de empresário mais que audaz, até atrevido, que levou a conjugação de empresas da RBS a uma projeção econômica no País de marcante liderança, onde demonstrou as potencialidades de nosso Estado, exemplo para a nossa esperança, num momento em que outros setores da economia Rio-grandense ser vergam aos poderios rivais do centro do País e até de fora.

Mas há um aspecto que se não foi esquecido deve ser relembrado cada vez mais alargadamente.

Seu início de carreira de locutor da voz do poste em Passo Fundo, após seu contato pessoal com os ouvintes que compareciam ao seus programas de auditório fê-lo intuir, divulgar e institucionalizar um conceito de cultura popular repugnado ao início com desdém pelas falsas elites, que de início resistentes, acabam absorvendo-o pela irresistível força que possui tudo aquilo que imposto pela alma popular.

Antônio Gramsci seria, a nosso entender, o pensador capaz de nos fornecer os subsídios necessários à revisão da noção do popular em termos culturais, numa perspectiva que julgamos o mais abrangente dentre os teóricos que se propuseram pensar esta problemática. Gramsci pretende, antes de mais nada, fugir aos modelos explicativos fechados aprioristicamente e faz suas reflexões a partir de manifestações culturais históricas. Com isto, dota seu aparato teórico de uma operacionalidade que possibilita perceber o fenômeno a partir de uma dimensão ampla e pouco ortodoxa.

Para Antônio Gramsci, a inexistência de uma cultura nacional popular está ligada diretamente à ausência de intelectuais orgânicos às classes populares, que compartam das necessidades, aspirações e sentimentos confusos das massas. Assim se refere Antônio Gramsci a propósito do fracasso da intelectualidade laica italiana enquanto formadores da consciência moral do povo-nação.:

“(...) E fracassaram por não haver representado uma cultura laica, por não ter sabido elaborar um “humanismo” moderno, capaz de penetrar nos estratos mais rudes e incultos...”.

Segundo Gramsci, estes intelectuais deveriam ser capazes de captar o que existisse de conservador e progressista nas manifestações da cultura espontânea dos setores dominados, na sua concepção de mundo, rearticulando e reelaborando, a partir destes dados, as condições de uma nova proposta. Sem ser um intelectual, na concepção elitista, Maurício, como ninguém no Rio Grande do Sul, soube fazer essa captação.

Neste sentido, Umberto Eco e Edgar Morin fornecem-nos significativos subsídios para tratamento das problemáticas relativas à comunicação de massa. Deles retiramos, sobretudo, uma postura frente a estes valores, posição esta que, embora profundamente crítica em relação aos fenômenos da cultura de massa e indústria cultural, tenta escapar ao profundo ceticismo que marca a visão da intelectualidade, tanto da se dizente esquerda quanto à conservadora, acerca da questão cultural na sua generalidade.

Tanto Morin quanto Eco têm como ponto de partida a crítica da concepção elitizante da cultura, embora o façam de forma peculiar a cada um. Isto lhes permite, e aí reside, a nosso ver, um dos aspectos importantes de suas contribuições, penetrar nas estruturas mais profundas destas manifestações, procurando perceber seu sentido e função, não só dentro do conjunto das práticas culturais, mas da sociedade como um todo.

Em Edgar Morin, a crítica à visão aristocratizante aparece, como faz questão de frisar, não através da exaltação da cultura de massa, mas em função da “diminuição da cultura cultivada”. Assim se expressa Morin.

“Os cultos - e digo eu - os por si mesmo definidos como cultos - vivem numa concepção valorizante, diferenciada, aristocrática, da cultura. É por isso que o termo cultura do século XX lhes evoca imediatamente, não o mundo da televisão, do rádio, do cinema, dos comics, da imprensa, das canções, do turismo, das férias, dos lazeres, mas Mondrian, Picasso, Travinsky, Alban Berg, Musil, Proust, Joyce. Os intelectuais atiram a cultura de massa nos infernos infraculturais. Uma atitude “humanista” deplora a invasão dos subprodutos industriais da cultura moderna. Uma atitude de direita tende a considerá-la como um divertimento do barbarismo plebeu. De outra parte, é a partir de uma vulgata marxista que - digo eu, Marx não merece - que se delineou uma crítica que considera a cultura de massa como barbitúrica ou mistificação deliberada”.

Tudo parecer opor a cultura dos cultos à cultura de massa: qualidade à quantidade, criação à produção, espiritualidade ao materialismo, estética à mercadoria, elegância à grosseria, saber à ignorância. Mas antes de nos perguntarmos se a cultura de massa é na realidade como a vê o culto, é preciso nos perguntarmos se os valores da alta cultura não são dogmáticos, formais, mitificados, se o culto da arte não esconde, muitas vezes, o comércio superficial com as obras.

Na mesma direção se expressão Umberto Eco: “para eles a cultura de massa é a anticultura. Mas como nasce no momento em que a presença das massas na vida associada se torna o fenômeno mais evidente de um contexto histórico, a cultura de massa não indica uma aberração transitória e limitada: torna-se o sinal de uma queda irrecuperável, ante o qual o homem de cultura - último supérstite da pré-história destinado a extinguir-se - pode dar apenas um testemunho extremo, em termos de Apocalipse”.

A estes críticos superficiais da cultura popular resta a presunçosa pretensão de pertencerem a uma comunidade de super-homens capazes de se elevarem, nem que seja apenas através da comodidade de uma simples recusa, acima da banalidade média.

O enraizamento popular da Rádio Gaúcha permitiu que a intuição, fruto da experiência e do gênio de Maurício Sobrinho, pudesse quebrar os tabus culturais de uma falsa elite e ser veículo de uma autêntica cultura popular.

A programação da Rádio Gaúcha, priorizando a informação popular, a música popular e o debate popular, afirma concretamente esse tipo de cultura que é a verdadeira cultura da modernidade de um país com as características do Brasil.

Mas essa inserção de uma cultura popular através do rádio é que assusta os totalitários.

E por isso que agora denuncio um dos tantos equívocos dos se dizentes progressistas que apregoam, numa sociedade de mercado, o monopólio do Estado nas telecomunicação. Será que esqueceram os trágicos exemplos de Hitler e Mussolini que com a intuição infernal da direita se deram conta, muito antes de que os intelectuais postados de iluminação progressista, que só o monopólio estatal das telecomunicações é capaz de assegurar os regimes de privilégio?

Foi muitos anos após Hitler invadir a Europa com as marchas marciais vaguerianas que a democracia inglesa pôs à disposição de um insurgente francês seus microfones. O preconceito estatal nas telecomunicações hesitaram alguns anos para dar ao insurgente de Gaulle um microfone.

Entregue, enfim, o microfone à democracia, o herói francês enfrentou vitoriosamente o totalitarismo armado pelo rádio, usando a sonoridade suave de Verlaine contra o alarido Wagneriano.

Foi de um microfone da Inglaterra que soou em versos a cifra aos resistentes franceses de que a democracia ia atravessar vitoriosamente o Canal da Mancha.

“Les sanglot longs de violons de l’otomne less mon coer du’ne Languer monotone”.

Ao encerrar, sei que as palmas são a formalidade litúrgica de qualquer discurso por inexpressivo que seja. Se alguma substância, por mínima que seja, tenha o que eu disse, peço seja retribuída em homenagem ao amigo comum da comunidade porto-alegrense, ausente por imposição do destino, Maurício Sirotsky Sobrinho, com a homenagem simples de um minuto de silêncio.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, pelo PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados, aqui inicia suas transmissões regulares a PRA-Q, Rádio Sociedade Gaúcha, onde de 265 metros, diretamente de seus estúdios, sexto andar do grande hotel, Porto Alegre - Rio Grande do Sul, emissora fundada no dia 8 de fevereiro deste mesmo ano de 1927.”

Esta foi a primeira manifestação pública e oficial da Rádio Sociedade Gaúcha, no dia 19 de novembro de 1927, dando início a uma longa e proveitosa caminhada no rumo de um futuro grandioso que hoje, 60 anos depois, estamos aqui presentes a testemunhar. Foram 60 anos de História, de acompanhamento do que acontecia aqui e no mundo, numa incansável corrida atrás de notícias e de fatos que fossem do interesse público.

Fico aqui a imaginar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que passava pela cabeça do “SPEAKER” que leu esta primeira manifestação, ou da surpresa ou até do espanto de muitos que de uma forma ou de outra ouviram ou tiveram conhecimento da transmissão. Será que aqueles destemidos pioneiros tinham consciência de que ali estavam plantando a semente deste meio de comunicação que, certamente, alçou vôos nunca imaginados por seu idealizador? Porque o rádio transformou-se no mais poderoso meio de comunicação, praticamente ao alcance de todos os brasileiros, levando-lhes a notícia, o conhecimento, a cultura, etc...

A Bancada do PDS, com assento nesta Casa, quer também se integrar nesta comemoração. Em meu nome, em nome dos Vereadores Rafael Santos e Mano José, quero transmitir aos dirigentes, aos funcionários, enfim, à comunidade toda que labuta nesta operosa rádio os cumprimentos do PDS e votos de que no futuro, possamos sempre comemorar mais e mais anos de profícua gestão.

Uma feliz coincidência se registra na comemoração desses 60 anos da Rádio Gaúcha: os 30 anos da RBS, da qual a Rádio Gaúcha é a emissora líder. Em 1957, Maurício Sobrinho, juntamente com Frederico Arnaldo Balvé e Nestor Rizzo, adquiriu a Rádio Gaúcha, dando início ao grupo potente do qual fazem parte jornais, estações de TV, Rádio AM e FM.

A Rádio Gaúcha neste período conquistou as mais variadas e honrosas láureas, fruto do trabalho e da dedicação de seus devotados colaboradores. Fastidioso seria aqui citar as ações pioneiras feitas pela Rádio Gaúcha e os prêmios conquistados. Devo, porém, fazer menção especial ao Top Nacional de Marketing, conquistado no ano passado pela eficiente cobertura durante a Copa do Mundo, reconhecidamente, a melhor dentre todas as emissoras brasileiras.

Sr. Presidente: Maurício Sobrinho costumava dizer que era mesmo um homem de rádio. E hoje deve estar feliz, pois a sua Rádio Gaúcha, ao comemorar seus 60 anos, só é motivo de orgulho para os gaúchos, mercê do trabalho dedicado levado adiante pela família de Maurício, capitaneados por Dona Ione e Jayme Sirotsky.

O Rádio conseguiu sobreviver a tudo.

Quando surgiu a TV, não faltou quem enxergasse, ali, o atestado de óbito da Rádio. Mas este soube assimilar e hoje, quando já se fabrica até o televisor de bolso, o rádio continua firme e desenvolvendo seu papel fundamental na idéia de integração entre os povos. O rádio, com sua linguagem própria intimista, companheira, prestador de serviços e dando asas à imaginação do ouvinte, ainda é o instrumento mais democrático dos meios de comunicação pela facilidade de acesso que dá aos ouvintes.

Já não tem mais o rádio heróico, das deficiências técnicas e dos desesperados e pitorescos improvisos para levar adiante uma programação. Hoje o rádio, num esquema empresarial, dotado de sofisticados equipamentos eletrônicos, pouco lembra o tempo em que se tocava o disco na eletrola e dela se aproximava o microfone para que o som fosse difundido por um velho transmissor de 50 W. Mas nem por isso o rádio perdeu o valor da instantaneidade e o calor humano que os outros meios de comunicação não conseguem transmitir. O rádio acompanha o ouvinte a qualquer lugar. Vai com ele para a cozinha, para o carro, para os estádios e para as praças e parques. O rádio, hoje, não só transmite; hoje ele é um criador de imagem própria. Ele aproxima o meio do consumidor. Ele acompanha, orienta, emociona. Ele projeta o ouvinte.

E neste conceito moderno de rádio se enquadra a nossa homenageada. Aprimorada tecnicamente, a emissora funciona hoje com um transmissor de 100 KW em ondas médias e na torre é a maior do Brasil. O sistema radiante em 25 e 49 metros opera com moderno transmissor recentemente adquirido. Igualmente na programação é constantemente atualizada e novas idéias são lançadas e testadas. Novos espaços, mais notícias, cobertura completa do mundo político, da economia e dos esportes, fazem da Rádio Gaúcha uma companheira fiel para a maioria dos gaúchos. Novos nomes do rádio são seguidamente incorporados à Empresa, enriquecendo ainda mais o seu manancial humano. Maurício realmente tinha razão. O Rádio é efetivamente o que empolga e o que desafia. Mas é também o que recompensa e gratifica.

Feliz idéia, Ver. Isaac Ainhorn, a sua proposta desta Sessão Solene para homenagear os 60 anos da Rádio Gaúcha. A história contemporânea do Rio Grande do Sul não pode ser contada sem que se fale na Rádio Gaúcha. Vossa Excelência, no seu brilhante e ilustrado discurso, citou alguns nomes dos que fizeram a história dessa emissora. Haverão, certamente, outros tantos, anônimos ou não, que ajudaram a colocar um tijolo nesse imenso prédio. A todos o PDS homenageia. Aos que já se foram fica a certeza do nosso reconhecimento e gratidão. Não serão esquecidos nunca.

Sr. Presidente: como afirmava recente peça publicitária sobre os 60 anos da Rádio Gaúcha: “os últimos 60 anos têm muito a ver com os próximos 60. A Gaúcha surgiu quando o rádio existia há apenas dois anos no Brasil. A Gaúcha nasceu pensando no futuro, trabalhando e preparando-se para ele. Aliás, talentos e pessoas e novas tecnologias foi o caminho utilizado para crescer. Em modernizar. Nestes 60 anos muita coisa aconteceu. A Rádio Gaúcha evoluiu, acompanhando seu tempo. E se adiantando a ele. Para a Rádio Gaúcha o futuro começou em 1927.”

 

Como estamos acostumados a ouvir: Rádio Gaúcha, a fonte da informação: 60 anos mais nova. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, pelo PMDB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Direção, Funcionários e Convidados de nossa homenageada, Rádio Gaúcha de Porto Alegre.

No momento em que está se instalando um novo período de nossa história política, no Rio Grande do Sul, no momento em que se inicia um novo período legislativo na Câmara Municipal de nossa Cidade e na semana em que se comemora mais um aniversário de Porto Alegre, nada poderia ser mais gratificante para um orador do que poder ter a honra de homenagear a Rádio Gaúcha pela passagem de seus 60 anos de existência, emissora essa que deu início à Rede Brasil Sul, que hoje se estende por todo o nosso Estado e por Santa Catarina.

A Cidade está em festa. Esta Casa está em festa, e este Vereador que fala em nome do PMDB está muito orgulhoso por poder vir a esta tribuna e trazer a sua singela homenagem à Rádio Gaúcha, a sua Direção, a seus funcionários e aos seus amigos.

Em muitas oportunidades, tivemos, no exercício de nosso mandato de Vereador, a satisfação em poder enaltecer as qualidades de filhos ilustres de nossa terra ou mesmo daqueles que vieram de outras localidades para aqui se estabelecer e contribuir para o engrandecimento de nossa Cidade e de nosso Estado. Hoje, porém, estamos homenageando uma emissora de rádio, não apenas mais uma emissora, mas, sim, aquela que serviu para mostrar ao País e ao mundo que, com competência e com dedicação, se pode fazer um rádio sério e vibrante, podendo-se, assim, arrebatar verdadeiros recordes em índices de audiência.

Esta tarefa que recebemos hoje nos é muito gratificante e nos causa um sentimento de carinho tão profundo, que é difícil de descrever, pois toca muito forte em nosso coração. Esse sentimento é a saudade do grande idealizador e construtor dessa empresa que é a Rede Brasil de Comunicações e, principalmente, a sua pioneira Rádio Gaúcha. Maurício Sobrinho, que foi um querido amigo, nas horas boas e nas horas difíceis, deixou encravada em cada parede, em cada canto, em cada equipamento e, principalmente, nos corações de seus funcionários a marca indelével e sua presença, de seu ideal e da sua força de vontade em atingir seus objetivos.

Podemos afirmar hoje, com a consciência na mais absoluta tranqüilidade, que a Rádio Gaúcha, ao atingir os seus 60 anos, vive o seu maior momento de glória, entre tantos outros que já viveu. Está vivendo os momentos sonhados e esperados com muito ardor por Maurício Sobrinho, pois é uma rádio que vem se mantendo no ápice da pirâmide, deixando os seus concorrentes distantes da sua qualidade de programação, onde o atual é imprescindível, onde o compromisso com a verdade é primordial e onde o ouvinte é quem se beneficia com o que é transmitido pelos seus microfones, pois é ele o sustentáculo de tal meio de comunicação. E esta tarefa o Maurício soube transmitir muito bem àqueles que o sucederam e assim o trabalho de inovação e de aprimoramento nas transmissões vêm evoluindo constantemente. Evoluindo ao ponto das fronteiras do Rio Grande se tornarem insuficientes para conter a magnitude da Rádio Gaúcha.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Convidados: ao iniciarmos a nossa fala, tivemos oportunidade de mencionar o momento político que estamos vivendo no Rio Grande, onde o PMDB está se instalando no governo, com uma meta bem definida de poder atender aos anseios da população de um dia melhor, de segurança, de trabalho, de moradia e de atendimento ao menor carente e abandonado. Assim, quem melhor para servir de arauto das idéias e das realizações deste governo do que a Rádio Gaúcha, que teve em Maurício Sobrinho um dos maiores incentivadores em prol das crianças de nosso Estado, notadamente através do projeto “Geração 21”? A Rádio Gaúcha será o arauto de nossas realizações, pois é um órgão que pratica o jornalismo sério e no qual o povo deposita total confiança. Sim, a Rádio Gaúcha é detentora dos maiores índices de audiência, não por mero acaso, mas sim porque o povo a escolheu justamente por jamais ter traído as suas expectativas. Assim, quando o PMDB vem trazer a sua parcela de contribuição para o engrandecimento da comunidade Rio-grandense, como já vem fazendo a Rádio Gaúcha nos seus 60 anos de existência, constatamos a grande tarefa desempenhada por essa emissora consagrada pela comunidade de nosso Estado.

Nós, da Nova República, de uma nova esperança que se estabelece nos corações dos brasileiros, sentimos orgulho em poder contar com um órgão de comunicação de massa dessa envergadura, pois uma emissora de rádio é como um partido político, ambos vivem da aceitação popular e da credibilidade. Desta forma, neste momento em que nós do PMDB procuramos trazer ao povo brasileiro aquilo que ele deseja na área sócio-econômica-institucional, podemos constatar e divulgar para outros centros urbanos que, aqui no Sul, o povo gaúcho está bem informado sobre todos os assuntos, graças aos noticiários confiáveis da Rádio Gaúcha. Podemos, também, propagar que o povo gaúcho tem uma programação de rádio sadia, graças aos diversos programas sobre assuntos locais, notadamente na atividade desenvolvida na programação esportiva, onde uma equipe sem comparação a nível nacional trata sobre esporte de uma maneira que o povo participe freqüentemente, sem elitizar o esporte mais popular de nossa terra, que é o futebol e, ainda, emprestando às diversas modalidades esportivas um destaque tal, que não se encontra em qualquer outro veículo, mesmo nos chamados grandes centros.

Para nós, porto-alegrenses, esse é motivo suficiente para muito júbilo, pois freqüentemente somos bombardeados por produtos do eixo Rio-São Paulo e mesmo dos mercados internacionais, mas o nosso estilo de rádio difusão, o estilo da Rádio Gaúcha mantém-se fiel a suas tradições, daí a sua credibilidade, a sua constância no pico de audiência. E, mesmo assim, a Rádio Gaúcha continua no mesmo estilo simples e direto de comunicação, muito embora seja a detentora de uma longa estrada de transmissões do exterior, em todos o quadrantes do mundo.

Meus senhores, minhas senhoras, uma rádio se faz nos moldes como se formou a Rádio Gaúcha, crescendo na medida em que é solicitada e não apenas para sufocar a concorrência. Ao contrário, no caso da Rádio Gaúcha, tem sido uma estimuladora do surgimento de novos veículos, pois é através da quantidade que o público desperta para a qualidade.

Na realidade, nós estamos satisfeitos por poder assinalar a passagem dos 60 anos da Rádio Gaúcha, não apenas por tratar-se de um gigante das comunicações, mas por ser o veículo que serve de parâmetro para os demais veículos de nosso País. A tarefa não está acabada. Ela, simplesmente, está iniciando, pois a cada conquista da tecnologia, uma nova caminhada começa e, a cada início da caminhada, Porto Alegre é o marco inicial, e para cá convergem os olhos do Brasil. Portanto, além de propiciar lazer, entretenimento e notícias, a Rádio Gaúcha é um dos maiores propagadores das coisas da nossa terra e da nossa gente, é quem mais contribuiu para assinalar que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul fazem parte deste País de dimensões continentais.

Digo aos senhores que, efetivamente, quando vai se homenagear uma rádio da envergadura e do nível desta gigante do Rio Grande do Sul, que é a nossa Rádio Gaúcha, e que os oradores que nos antecederam já disseram da sua história, dos seus fundadores, dos seus relevantes serviços... Dizer o quê, nesta tarde, este orador? Dizer que a Rádio Gaúcha é o povo e que, na minha condição de homem simples, do povo, teria apenas a missão de dizer que a população do Rio Grande e de grande parcela da população brasileira está sintonizada na Rádio Gaúcha a todos os instantes pela seriedade das suas notícias, pela imparcialidade da informação, pelo noticiário preciso em cima do fato; pela melhor equipe de esporte do País que possui esta Rádio. Por uma Direção, por um grupo de funcionários dos mais graduados, zelosos, profundamente compenetrados na missão de bem informar e de bem dirigir os destinos da nossa homenageada.

Eu diria que a Casa está em festa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em festa porque se comemora os 215 anos da Cidade de Porto Alegre; em festa porque o meu Partido também assume uma responsabilidade no Estado do Rio Grande do Sul; em festa porque a Nova República é uma nova esperança, é um novo momento político para este País e para este Estado. E que outro veículo mais idôneo para transmitir e informar as transformações sócio econômicas que estão e que vão se desenvolver neste País e neste Estado senão a Rádio Gaúcha, senão este veículo comprometido?

Sr. Presidente da RBS, Sr. Diretor da Rádio Gaúcha, efetivamente, este homem que vem de vila popular, na simplicidade do seu povo, traz aqui a força política que representa para homenagear a Rádio Gaúcha em nome de todos os Vereadores do PMDB, em nome da representação do Partido da Capital.

É um momento de extrema felicidade poder homenagear aquele veículo tão precioso da organização da empresa. E quando se fala em empresa, quando se fala em rádio, me vem a idéia de que rádio é o mesmo que um Partido político. Ele está a ganhar o conceito popular, a credibilidade, na medida da sua atuação, do seu trabalho. O conceito popular, a credibilidade popular, os índices esmagadores de audiência são uma conquista permanente da Rádio Gaúcha. Transmito a nossa alegria, transmito a honra de poder dizer que a obra, hoje dirigida pela família Sirotsky, pelos seus amigos e pelos seus companheiros, é exatamente a continuação do sonho e da luta de Maurício.

Eu sou daqueles que acredita que o homem não morre para desaparecer, que o homem morre para a vida eterna - se esta frase é verdadeira, Maurício é um homem predestinado à vida eterna, pelo que ele representou nas horas difíceis: o amigo, o conselheiro mais velho, o companheiro de todos os momentos e a sua grande obra, o seu sonho, a sua coragem, esse conjunto de virtudes que provam inquestionavelmente que competência, que capacidade, que bravura, que luta na melhor qualidade ética para atingir um objetivo é fácil, basta seguir-se os exemplos de Maurício: Rádio Gaúcha, 60 anos de atividade.

Ver. Isaac Ainhorn, uma homenagem merecida da Cidade de Porto Alegre, oportunamente merecida pela sua proposição e pela unanimidade dos companheiros desta Casa, em cuja homenagem mais uma vez reitero, me associo, saio com a consciência do dever cumprido para com esta Rádio que 24 horas por dia cumpre a sua tarefa, as vezes espinhosa, é verdade, mas uma tarefa de grande, de inesquecível valor noticioso, em todos os campos da sua programação. O IBOPE está a afirmar isso.

 Meus parabéns, Senhores Diretores, parabéns à Casa, que teve a oportunidade de festejar os 60 anos da Rádio Gaúcha. Parabéns a todos nós, que vivemos na história este momento, aos nossos filhos, aos nossos netos. Ao decorrer dos anos, são um exemplo de Maurício, haverão de dizer esses homens que estavam presentes nas comemorações, longínquas, dos 60 anos da Rádio Gaúcha.

À Rádio Gaúcha, a sua Direção, a todos os seus funcionários, a todos os seus Diretores as nossas homenagens. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Raul Casa, que falará em nome do PFL e do Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Senhores presentes: esta Casa, depositária maior para onde convergem as aspirações do povo de Porto Alegre, registra, nesta oportunidade, uma data cujo significado transcende à entidade homenageada para confundir-se com a história de nossa Cidade. Há ocasiões gratificantes em nossa atividade, quando recebemos a incumbência de homenagearmos, ou saudar quem se fez merecedor do reconhecimento da Cidade e de seu povo.

Hoje, porém, eu me escalei com empenho para falar em nome de meus companheiros do PFL e por delegação do Ver. Jorge Goularte. Há um motivo muito especial, há um motivo íntimo. Durante uma década orgulho-me de ter colaborado e participado do esforço da família RBS na construção deste complexo de comunicação inovador e empolgante. Foi, exatamente, na Rádio TV Gaúcha, as emissoras da comunidade, em outubro de 1966, pelas mãos de Fernando Ernesto, meu parente por opção, que minha carteira profissional foi assinada. Daí para frente minha vida mudou. Passei a colaborador do Sr. Maurício, do Presidente Jayme, do Fernando Ernesto e vi, e senti, e acompanhei o crescimento da Empresa.

Permitam-me, Srs. homenageados, minha vaidade em dizer que faz parte da minha vida, como exemplo de trabalho, de garra, de talento, de organização, de dinamismo. Aprendi na então Rádio Gaúcha de Maurício e Ione, Jayme, Fernando Ernesto que as melhores lições da vida nem sempre são aquelas que os livros nos transmitem. A escola nos ensina e a prática da realização profissional nos acrescenta. Mais do que tudo isso é a vivência espelhada pela atitude exemplar, o caminho a ser seguido, a resposta a ser dada, a razão de um gesto, a sensibilidade no modo de proceder. Aprendi que o respeito pelo ser humano levava o seu Maurício a atitudes surpreendentes, muitas delas nos envolvendo paternalmente e que guardo no recôndito de minha alma, agradecido por ter convivido e conhecido gente como Maurício, Ione, Jayme, Fernando Ernesto e mais recentemente o Nelson, o Pedro, o Carlos e o Marcos.

Faço uma confidência, cometo uma indiscrição; o seu Maurício me disse e repetia sempre: sabe, Casa, nós hoje temos uma grande responsabilidade social, temos uma empresa que se empenha, ajudando o Rio Grande a se desenvolver, mas vou te dizer uma coisa, eu gosto mesmo é de rádio. E ligava Gaúcha, anotando tudo: o reclame, a música, as vozes e, a todo o momento, fazia uma observação, cujo estilo próprio, os que conviveram com ele sabem bem avaliar. Participei de algumas batalhas administrativas aqui ou em Brasília, para onde fui incumbido para instalar a RBS em 1972 e guardo na memória e no coração as palavras do seu Maurício naquele dia distante ao microfone da Gaúcha: “Viemos para ficar. Nossa sucursal será o consulado gaúcho na capital federal”! E o é. A orientação que recebia da direção era o de compromisso com a verdade, tendo presente o sentido da radiodifusão como informação, como cultura e atividade empresarial, procurando na superação da qualidade, o atendimento de seu público e clientes. “Rádio Gaúcha, 60 Anos Mais Nova”, identifica a rádio fundada em 8 de fevereiro de 1927, cujo pioneirismo e agilidade, ao invés de envelhecê-la, a modernizou, através da técnica como uma postura voltada para o futuro.

Muitas coisas poderia dizer da Rádio Gaúcha, nascedouro e embrião do atual complexo em mãos do Jayme, de Nelson, do Fernando, do Pedro. Muitas coisas confortantes de minha vida na RBS estou arregimentando para doar à Fundação que se pretende criar. Uma delas, aqui, da Casa do Povo e que participei emocionado. É o Projeto de Lei da concessão da Cidadania Porto-Alegrense ao casal Maurício e Ione, cujo título era satisfação pública mais gratificante que dizia ostentar. E isso era muito fácil de se conferir. Quem sentasse a sua frente, naquela cadeira verde, tinha, forçosamente, que ler o pergaminho e ver a medalha de Cidadão de Porto Alegre. Quero, pois, passar às mãos da família cópia do Projeto de Lei n.º 8/1969 de autoria do Ver. Lauro Rodrigues, que ingressou nesta Casa no dia 24 de março.

Esta era a simbiose de Maurício com esta Cidade. Vinte e quatro de março, e nós sabemos o que isso significa. Acho que, nesta homenagem, aos 60 anos da Rádio Gaúcha, não poderíamos prestar maior homenagem ao grande amor que Maurício nutria por sua rádio do que doar ao Memorial que se está criando, por enquanto cópia do Projeto de Lei que lhe conferiu este título de que tanto se orgulhava. Creio que não poderá ter melhor início deste memorial. Senhores, não é fácil levar alegria ao povo, mas vale à pena. É o que faz a Rádio Gaúcha. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, em nome do PCB e do PT.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados: nesta Sessão Solene solicitada e aprovada por unanimidade nesta Casa por iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, trago grande responsabilidade em falar em nome das Bancadas do Partido Comunista Brasileiro e do Partido dos Trabalhadores, cujo titular, Ver. Antonio Hohlfeldt, pede desculpas, por motivo de absoluta força maior, por não poder estar presente nesta Sessão e pede que transmita aos homenageados as suas homenagens.

Senhoras e Senhores, a história da radiodifusão neste Estado, neste País, embora já tenha alguns preocupados, ainda está à espera de quem examine com toda profundidade as relações na evolução sociológica da gente gaúcha. Sem dúvida nenhuma, o rádio transformou a vida desta Cidade e deste Estado. E neste contexto se insere a indelével presença da Rádio Gaúcha, pioneira na radiodifusão nesta Cidade. Continuará sendo o reflexo desta sociedade nos anos futuros. Um veículo de comunicação de massa se faz, basicamente, de gente para gente e, principalmente, com gente. E dentro desta perspectiva, os 60 anos de existência, sem citar nomes, porque cometeria injustiça, Sirotsky foi um homem de comunicação. Não podemos esquecer que na quadra atual por que atravessa a sociedade brasileira, o rádio, como veículo de comunicação de massa, é ainda e vai ser por muito tempo, o mais importante dos veículos de comunicação de massa. Uma sociedade ainda relativamente atrasada, com alto contingente de analfabetos, tem no rádio o elo de ligação de todos os segmentos sociais, desde os mais altos escalões da República até os mais simples e humildes cidadãos deste País. Por isso que avulta o papel, a importância do rádio e, principalmente, a sua responsabilidade social neste processo de redemocratização do País, de realinhamento das forças sociais. O rádio tem um papel fundamental e por isso saudamos os 60 anos da Rádio Gaúcha que, durante este longo espaço - longo para nós, mas curto na história - o papel da Rádio Gaúcha acompanhando a evolução da sociedade rio-grandense, participando de seus bons e maus momentos, porque ela reflete exatamente a vida da sociedade na qual está inserida.

Srs. Homenageados, Srs. Vereadores, quisera ter engenho e arte para com maior profundidade dissertar sobre o evento que estamos comemorando, mas quero deixar um augúrio de que a Rádio Gaúcha por muitos e muitos anos, mesmo quando nós já não estivermos mais aqui, possa continuar prestando os serviços que tem prestado nesses 60 anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Dr. Jayme Sirostky.

 

O SR. JAYME SIROSTKY: Sr. Vereador, prezado amigo, Geraldo Brochado da Rocha - Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e que, há algumas horas, justificava o seu atraso no início de um almoço em que as entidades empresariais do Estado homenageavam e ouviam o Sr. Governador Pedro Simon, dizendo que ele e outros de seus companheiros Vereadores estavam, exatamente, gravando um programa na Rádio Gaúcha, um dos nossos “forum” de debate. Meu caro Prefeito e estimado amigo Dr. Alceu Collares, que há bem poucos dias eu ouvi interromper uma das transmissões da manhã da Rádio Gaúcha quando um dos nossos apresentadores informava aos ouvintes que o Prefeito de Porto Alegre - quando se falava em remuneração - estaria ganhando 140 mil cruzados mensais, ele pressurosamente, rapidamente tomou o telefone e entrou no ar para dizer: “em benefício da minha posição com os meus credores eu quero informar que não é verdade, não estou ganhando 140 mil cruzados”. Meu caro Secretário Especial de Assuntos Internacionais, que aqui representa o Governador do Estado, Ricardo Sietenfos que há bem poucas semanas falava para todos nós desde Genebra na Suíça, onde por um período enriqueceu por um lado a sua cultura pessoal e por outro as transmissões da Rádio Gaúcha que, com habitualidade traziam aos seus ouvintes as informações deste nosso ilustre conterrâneo. Vereador, Frederico Barbosa; prezados Secretários Municipais e Vereadores, Nereu D'Ávila, Valdir Fraga e Elói Guimarães, demais Vereadores; meus queridos companheiros de Direção Geral da RBS Nélson e Pedro; meus caríssimos Ricardo Gentilieri, Diretor da Divisão Rádio da RBS. Claiton Selistre, Gerente Executivo da Rádio Gaúcha; Armindo Antônio Ranzolin, Gerente Adjunto da Rádio Gaúcha; Marco Antônio Baggio, Gerente de Jornalismo da Rádio Gaúcha e que aqui representam esta equipe excelente que opera hoje o cerne, o embrião da Rede Brasil Sul. Demais companheiros da RBS aqui presentes e que convivem conosco neste momento de abrilhantamento da Rádio Gaúcha, Senhoras e Senhores.

Eu gostaria de deixar muito registrado estes aspectos que eu mencionei, inicialmente, porque muito pouco pode exemplificar de forma mais prática a versatilidade, a instantaneidade, a capacidade incomum de dialogar que tem o veículo rádio. Estes aspectos trazem o rádio para uma categoria muito peculiar, muito própria quando se fala em comunicação de massa, porque só a ele pertence este calor que está inserido dentro do veículo rádio.

Eu não poderia começar a agradecer aos Senhores sem nominar aqueles Vereadores que aqui me antecederam, homenageando-nos nesta Sessão tão importante para nós: agradeço, muito especialmente ao Ver. Isaac Ainhorn que falou pela Bancada do PDT, mas que foi também o autor da proposição desta reunião; ao Ver. Werner Becker que falando pela Bancada do PSB elaborou um trabalho de pesquisa aprofundado sobre o rádio no Rio Grande do Sul, em especial a Rádio Gaúcha; aos Vereadores Hermes Dutra pela Bancada do PDS; Ver. Clóvis Brum pela Bancada do PMDB; Ver. Lauro Hagemann pela Bancada do PCB e do PT e Ver. Raul Casa pela Bancada do PFL e representando o Vereador independente Jorge Goularte. Para o Raul um carinho muito especial pela lembrança dos anos em que convivemos trabalhando juntos e pelo afago que representou a sua memória em oferecer-nos esta lembrança para o Projeto que estamos desenvolvendo de uma memória da comunicação do Rio Grande do Sul e, em especial, da vida do Maurício, dentro deste contexto.

De todos os Senhores que aqui falaram eu registro dois pontos que nos sensibilizam de uma maneira especial: o primeiro a unanimidade de todos os Senhores em lembrar a figura do Maurício. A nenhum escapou o registro porque, evidentemente, todos sabem a importância e a significação do Maurício. Não apenas na “Rádio Gaúcha” mas na comunicação com nosso Estado e do nosso País e na Constituição de Rede Brasil Sul. O Maurício foi uma combinação rara de comunicador e de empresário. A sorte odeia a mediocridade. Por isso o talento do Maurício também foi compensado.

As lembranças que os Senhores registraram denotam a sua significação que nós queremos, reiteradamente, enfatizar. Sobretudo porque elas elevaram o sentido humano, o sentido social da nossa atividade.

E, agora, às vésperas do primeiro ano do seu falecimento, isso nos evoca ainda mais emoções e, queremos também antecipar aos Senhores que, no próximo dia 24, estaremos exteriorizando à sociedade a decisão que tomamos, na Rede Brasil Sul, de transformar a Fundação RBS em Fundação Maurício Sirostky Sobrinho. Não encontramos maneia mais legítima, mais coerente de registrar a saudade do Maurício do que dar continuidade àquilo que lhe era tão caro, de manter o envolvimento com a comunidade a qual seria.

E, isto tudo, Srs. Vereadores, acontece no ano dos 60 anos da “Rádio Gaúcha”, parte importante da radiodifusão brasileira. Dos 30 anos da RBS e também dos 25 anos da RBS TV, cuja primeira emissora, TV Gaúcha começou a operar em 29 de dezembro de 1962. São registros que fazemos com o orgulho de quem está continuando a trabalhar no mesmo sentido, no mesmo propósito. Com o orgulho de quem, com o auxílio de quase 5 mil companheiros, que trabalham as 14 emissoras de TV da RBS no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. As 18 emissoras de rádio AM/FM nesses dois Estados e em Brasília. Nosso “Diário Catarinense”, em Santa Catarina e “Zero Hora”, em Porto Alegre sabem conduzir com aquele aspecto humano lembrado também pelo Lauro e seus demais companheiros Vereadores. Isso nós esperamos sempre, Lauro, preservar, respeitar e valorizar.

O outro ponto que nos toca fundo é, exatamente, o fato de que numa Casa legislativa, numa Casa do Povo como esta, todas as bancadas que aqui têm assento, sem exceção de nenhuma, se fizeram representar nesta saudação. Isto é igualmente gratificante. Nos da a sensação de que estamos cumprindo o nosso dever e nos traz também a certeza de que, neste ano em que se debate e discute o novo grande diploma que anseia a nossa Nação, em que a Constituinte estará caminhando pelos meandros da sociedade na busca das luzes, na busca dos caminhos, para montar o Brasil das próximas décadas, quem sabe, dos próximos 100 ou mais anos, a certeza de que o caminho que propugnamos, o de que os meios de comunicação devem viver afastados do Governo, devem ser operados pela livre iniciativa. É o caminho correto. Na verdade, em todas as sociedades democráticas, esta tem sido a trilha. Até mesmo algumas que até bem pouco optavam pela operação semi-oficial, há, agora, um refluxo, um afastamento deste conceito, como é o caso da França, como é o caso da Itália, como é o caso da Espanha e como é o caso de Portugal e da Alemanha que estão privatizando os seus canais de televisão, as suas emissoras de rádio, porque por aí está sendo encontrado o caminho da liberdade. O caminho que dá acesso, como nesta Casa, ao longo de um ano, é inevitável que dezenas de vezes a nossa Rádio Gaúcha esteja aqui integrada pela voz de cada um dos Srs. Vereadores, transferindo pelo debate as suas posições, as suas opiniões.

Nestes 60 anos, a Rádio Gaúcha evoluiu de um processo inicial extremamente amadorístico, como foi mencionado pelo Werner ao descrever a história da Rádio Gaúcha. Era acompanhar os variados momentos da sociedade. As evoluções caminharam par e passo com o que os costumes, a ética, a moral, o meio ambiente ditavam. Houve a evolução, houve a transformação e esta dinâmica se preservou. E a Rádio Gaúcha que escolheu intencionalmente o “slogan”: “60 Anos Mais Jovem”, está aí demonstrando que procura manter-se afinada com as necessidades da sua comunidade. E, ao fazê-la, a fonte da informação, nestes 60 anos, nós estamos certos de que escolhemos não o caminho mais fácil, mas o mais correto, porque oferecemos à sociedade um conduto de comunicação incomum neste País. São poucas as emissoras de rádio brasileiras que se podem jactar como nós, orgulhosamente, podemos fazer o rádio sério, digno e decente que faz hoje a Rádio Gaúcha. Um rádio que e voz, um rádio que é notícia, um radio que é informação, mas que nem por isso deixa de soar como música aos meus ouvidos, porque esta é a música da liberdade, é a música da democracia porque só se pode fazer este tipo de rádio com isenção, com boas intenções quando se tem, como agora, regime de liberdade e a liberdade convive com a democracia e convive com a livre iniciativa, como irmãs, como frutos de uma mesma árvore.

Por isso, Srs. Vereadores, esta homenagem nos toca tanto, por todas estas razões, por todas estas circunstâncias e por tantas outras que nós sentimos e não estamos exteriorizando, mas em especial porque se trata dos Senhores que são representantes do povo, da comunidade de Porto Alegre onde está sediada a Rádio Gaúcha. Haja a condição de reconhecimento do tipo de serviço que prestamos e vamos continuar, o nosso propósito é o mesmo, a nossa bandeira segue igual, segue levantada, segue desfraldada e queremos que os Senhores acompanhem conosco este movimento, esta marcha continuada que pretendemos exercitar cada vez com mais responsabilidade. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Presidindo esta Sessão Solene cabe-me primeiramente, dizer aos Senhores que a Câmara Municipal irá, de uma forma ou de outra, procurar uma forma legal de fornecer o documento original para fazer parte do museu requerido pelo Ver. Raul Casa. Cabe-me, também, dizer que após ouvir todos os discursos de todas as Bancadas com assento nesta Casa, registrar que, efetivamente, a Rádio Gaúcha é uma predestinada, não só pela sua história - aqui desfilaram os seus dados e a sua pujança, sobretudo a sua grandeza no tempo que quase vem escrevendo a história do Rio Grande do Sul e em especial a História de Porto Alegre. Cabe, outrossim, dizer também, do fundo da alma, que assim como o jornalista Jayme Sirotsky disse que Maurício Sobrinho conseguia ser o comunicador e o empresário, uma síntese difícil de se conseguir, esta rádio é uma predestinada porque conseguiu unir não só a sua alta tecnologia, a sua história, mas o talento e a vocação de Maurício Sobrinho. Cabe-me também dizer aos Srs. Diretores, à família Sirotsky, aos funcionários da Rádio que sentem latentes em todos a responsabilidade de carregar esta história que é a Rádio Gaúcha, a grandeza da Rádio Gaúcha, quer a nível de humanismo daqueles que por lá passaram, quer pelo entusiasmo de Maurício Sobrinho, quer pela tecnologia que ela alcança, hoje, mais poderosa e tendo um canal internacional que, sem dúvida, honra o nosso Estado e a nossa Capital. Tudo isto faz com que desejamos a todos os Senhores que esta homenagem não seja só uma singela homenagem mais seja também o nosso reconhecimento e o nosso sentir do que todos os senhores, diretores e funcionários carregam sobre si um fardo pesado na história e que o trabalho diuturno de V. Sas. é, sem dúvida, um trabalho de altíssima responsabilidade que quero crer é um legado da história, é um legado que Maurício Sobrinho deixa a todos os senhores.

Encerro a Sessão, agradecendo a presença de todos. Muito obrigado.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalho da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h15min.)

 

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